Comissão da Verdade

A Assembleia sediou na tarde desta quinta-feira, 12, a reunião organizada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Mauro Rubem (PT), para debater as mazelas e as insubordinações supostamente praticadas pelos militares no período ditatorial, de abril de 1964 e março de

1985. A iniciativa para realização do evento partiu da parceria da Comissão de Direitos Humanos da Casa com o Comitê Goiano da Verdade e a Associação dos Anistiados do Estado de Goiás (Anigo). Compuseram a Mesa Diretiva da reunião: o ex-procurador-geral da República e membro da Comissão Nacional da Verdade, Cláudio Fonteles; o assessor da Comissão da Verdade, Wagner Gonçalves; o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente e membro do Comitê Goiano da Verdade, Pedro

Wilson; o deputado Mauro Rubem (PT), a deputada federal Marina SantAnna (PT-GO); a vice-reitora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Olga Ronchi; e o presidente da Associação dos Anistiados, Pela Cidadania e Direitos Humanos do Estado de Goiás (Anigo), Hélio Cabral. Na reunião, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia homenageou um dos defensores de presos políticos em Goiás, Rômulo Gonçalves. De acordo com o ex-procurador-geral da república e membro da Comissão Nacional da Verdade, Cláudio Fonteles, a Comissão irá formar uma rede nacional de troca de informações sobre os crimes supostamente cometidos durante o período da ditadura militar, com o objetivo de apurar os fatos e entender o que realmente

aconteceu durante aquele período. Essas informações serão levantadas por todos os Comitês da Verdade, estabelecidos em cada Estado da Federação, e apoiados por seus respectivos Parlamentos. Nosso objetivo legal é investigar os agentes públicos atuantes naquele período. E queremos solidificar uma cultura de solidariedade e uma cultura que não permita a violência, principalmente entre nossos jovens, disse Cláudio Fonteles, pouco antes do início da reunião. Para o ex-procurador, memória é uma coisa para ser vivida. Aqueles que perderam familiares estão aqui para isso, aqueles que sobreviveram estão aqui para isso. Esse passado não morreu e nem morrerá. É fazer com que as gerações presente e futura formem um elo que nunca mais permita repetir esse passado. Que não se

permita dizer que a solução está na tortura e na morte. Criar mecanismos concretos para que os brasileiros se comprometam a criar essa nova sociedade. A rede nacional de Comitês, que vai municiar a Comissão Nacional da Verdade, vai implantar medidas reais para que isso aconteça. Este é um importante momento. A Assembleia tem o orgulho em receber a Comissão Nacional da Verdade. Apurar o que aconteceu no passado é importante para se resolver o presente, disse o deputado Mauro Rubem (PT), durante reunião. De acordo com Mauro Rubem, existe um estado de violência estabelecido em Goiás, com a execução de jornalistas, menores de rua e até dos próprios membros da polícia. Esse trabalho da Comissão da Verdade acontece para que possamos fazer as devidas mudanças hoje. Para evitar que jovens morram nas periferias e que a sociedade continue assustada, comentou. Durante reunião na Assembleia Legislativa, o assessor da Comissão Nacional da Verdade, Wagner Gonçalves, informou que a Comissão instalada em maio deste ano pela presidente Dilma Rousseff - está em fase de estruturação e planejamento dos trabalhos. Todo o funcionamento de Comissão é meio caótico no início, mesmo

que seus membros tenham afinidades, comentou o assessor. De acordo com Wagner Gonçalves, foi instituído o Regimento Interno, nas primeiras reuniões, e traçado o planejamento das ações. Ele explicou que a Comissão Nacional da Verdade será dividida em subcomissões, e que o colegiado da Comissão será composto por membros e assessores da mesma. A Comissão, segundo ele, tratará de temas como desaparecimentos, morte, ocultação de cadáver, abuso sexual e tortura.