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24 de Abril de 2024
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    Agrotóxicos

    O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Mauro Rubem (PT), promoveu uma audiência pública que debateu sobre a campanha mundial contra os agrotóxicos. O evento foi realizado em parceria com a Via Campesina, uma organização internacional de camponeses.

    Além do parlamentar, fizeram parte da reunião, representando o governador Marconi Perillo (PSDB), o secretário de Estado da Agricultura, Antônio Flávio de Lima; o médico e doutor na área de toxicologia, professor Wanderlei Pignati; a presidente do Sindsaúde-GO, Maria de Fátima Veloso; o coordenador nacional da Via Campesina, Valdir Misnerovisk; a chefe do monitoramento da qualidade em alimentos da Vigilância Sanitária Municipal de Goiânia, GiselleFreitas; e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Sintsep-GO), AdemarRodrigues.

    O professor proferiu palestra sobre o impacto dos agrotóxicos no meio ambiente, especialmente as doenças que trazem para a população. Enfatizou que a falta de investimento na vigilância à saúde e ao ambiente no Brasil é uma questão de prioridade.

    Monocultura

    Professor na Universidade Federal do Mato Grosso, Wanderlei Pignati, proferiu palestra sobre o impacto dos agrotóxicos no meio ambiente. Há dez anos ele estuda o assunto do agronegócio na saúde coletiva. Em sua apresentação, Pignati apresentou dados sobre o avanço da monocultura no Brasil e os processos empregados, desde o desmatamento, a indústria da madeira, a produção pecuária, até a agroindústria.

    O pesquisador apresentou informações e estatísticas sobre o uso dos agrotóxicos nestas atividades e a relação da ocorrência doenças humanas e danos ambientais com o uso desses produtos.

    Pignatti questionou a confiabilidade do uso seguro dos agrotóxicos, um aparato de normas e procedimentos que mesmo se contasse com estrutura para seu funcionamento ideal, ainda assim não garantiria o manejo absolutamente seguro. "O trabalhador que está passando o agrotóxico pode estar protegido com todos os equipamentos de proteção individual (EPIs), mas e o ambiente? Vai colocar EPI nas outras plantas? Querem matar os insetos, o fungo, a erva daninha. Então teria de colocar EPI nos outros animais, como no peixe e no cavalo."

    Segundo Wanderlei, além disso, os resíduos vão sair na água, depois na chuva, vão ficar no ar, vão para o lençol freático e acabam contaminando o ser humano. "Analisamos o leite materno de 62 mulheres em Lucas do Rio Verde (MT), 20% das nutrizes amamentando no ano passado. Todas as amostras revelaram algum agrotóxico. Mas o que mais deu nessas amostras é um derivado de DDT, que se usava na agricultura até 1985 e na saúde pública, até 1998, para combater a malária."

    O professor defendeu ainda a viabilidade da produção sem agrotóxico mesmo para a agroindústria. "Se você partir do sistema e começar a substituir a semente, sair desse domínio da semente, lógico que é viável, em grande escala. Como acontece em Sertãozinho (SP), o maior produtor de açúcar orgânico do mundo. Eles exportam 99,9% dos produtos para União Europeia", defendeu.

    Pesquisa

    O secretário de Estado da Agricultura, Antônio Flávio de Lima ressaltou a importância do debate para fomentar a busca por novas maneiras de produção. Flávio de Lima destacou que é importante para o País, além de produzir muito, produzir com qualidade. "É preciso que o poder público e as universidades e institutos de pesquisa desenvolvam métodos de produção que minimizem ou eliminem o uso de agrotóxicos nas lavouras."

    O secretário lembrou que o processo de produção agrícola da maneira como é concebido atualmente, é fruto de uma cultura que foi se formando ao longo dos séculos. "As demandas foram aumentando, o consumo foi alterado com pessoas passando a consumir mais do que antes. Com isso os índices de produtividade tiveram que ser aperfeiçoados e um dos caminhos encontrados foi o uso do agrotóxico nas lavouras."

    De acordo com o secretário, além disso, o Brasil, apesar de possuir uma das maiores capacidades de produção de alimentos do mundo, também tem uma particularidade que leva ao enorme consumo de agrotóxicos. "Somos um país tropical, e ao contrário dos países de clima temperado, cujo inverno contribui para eliminação de inúmeras pragas, nosso clima favorece a ocorrência de um maior número de fungos e insetos nas lavouras", explicou.

    O deputado Mauro Rubem fez uma avaliação positiva dos resultados da audiência pública. Para o parlamentar, "conseguimos subsídios valiosos para elaboração de leis que venham, sobretudo, melhorar a divulgação dos malefícios do uso de agrotóxicos na produção de alimentos".

    "Constatamos que precisamos nos preocupar mais com esse modelo de utilização de agrotóxicos, que faz do nosso país o campeão em consumo de veneno. Têm alguns produtos que são investigados, aos exemplos de verduras e do pepino, que tem 80% de contaminação com agrotóxicos. É algo muito sério, por isso precisamos encontrar soluções urgentes para essa questão do uso do agrotóxico", salientou o deputado.

    A proposta de elaboração de uma cartilha, alertando a população para o consumo de produtos com alto teor de agrotóxicos, foi considerada uma idéia que pode ser executada pelo deputado Mauro Rubem. Inclusive, adiantou que vai discutir com os órgãos interessados a publicação dessa cartilha. Mas adiantou que vai buscar criar leis para que essa divulgação chegue à sociedade. "É uma questão de vida, de saúde, porque o uso indiscriminado de agrotóxico causa doenças terríveis, como o câncer, inclusive aborto, por isso vamos agir com rapidez para encontrar uma solução para ela", afirmou.

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/agrotoxicos/2638416

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