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16 de Abril de 2024
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    Ditadura Militar

    Destinada à diplomação simbólica de deputados e senadores cassados durante a Ditadura Militar, que teve lugar no Brasil entre os anos de 1964-1985, a sessão especial desta segunda-feira, 1º, foi marcada por discursos emocionados de diversos grupos representativos. A iniciativa foi do deputado Karlos Cabral (PT), em parceria com a Associação dos Anistiados Políticos do Estado de Goiás (Anigo). Falecido na sexta-feira, 29 de março, o histórico político goiano Mauro Borges foi um dos homenageados. Compuseram a Mesa, ao lado do deputado Paulo Cezar Martins (PMDB), que presidiu a sessão: o secretário de Estado de Articulação Institucional, Daniel Goulart (PSDB); Darci Accorsi (PT), assessor especial do prefeito Paulo Garcia (PT); o assessor parlamentar João Vanderlei de Ávila, representante do senador Wilder Morais (DEM). E ainda: o assessor parlamentar do senador Cyro Miranda (PSDB), Renato Rassi; o chefe do Estado Maior, coronel Victor Dragalzev Júnior, representante do comandante-geral da Polícia Militar de Goiás, coronel Sílvio Benedito Alves; o vice-presidente da Associação dos Anistiados Políticos do Estado de Goiás (Anigo), Marcantonio Della Corte; o jornalista Valterli Guedes, presidente da Agência Goiana de Imprensa. Legado Abrindo a série de discursos, o deputado Karlos Cabral (PT) lembrou que a homenagem se dava em parceira com a Anigo e falou ainda da morte do ex-governador Mauro Borges. Ele ressaltou o legado de Mauro como Governador, que deixou estruturas administrativas bem montadas e foi um dos grandes apoiadores da Marcha para o Oeste. Mauro Borges foi um excelente governador e vai ficar para sempre marcado na galeria da história de Goiás. Por fim, o deputado deixou sua profunda admiração a todos que lutaram e não se calaram no período de trevas e hipocrisia que governaram o nosso país. Karlos Cabral afirmou que existem pessoas que até hoje precisam ser julgadas e punidas por seus crimes de torturas na época da ditadura. É uma questão de justiça com aqueles que foram torturados, desaparecidos e seus familiares. Deixo aqui meu enorme respeito e gratidão pela coragem de vocês, que é exemplo hoje e será ainda, por muitas gerações futuras, concluiu Karlos Cabral. Diplomação O fundador do Comitê Goiano da Verdade, cantor, compositor e ativista Itamar Correa, procedeu à apresentação de duas músicas de autoria própria. Em seguida, a Mesa procedeu à diplomação simbólica dos deputados estaduais, senadores e ao ex-governador Mauro Borges. Em Goiás, foram cassados, durante a ditadura, os deputados: Walteno Cunha Barbosa (PSD), José Porfírio de Souza (PSB), Eurico Barbosa dos Santos (MDB), Olímpio Jayme (MDB), Francisco Maranhão Japiassu (MDB), Manoel da Silva Brandão (MDB), Heli Mesquita (Arena), Cristóvão do Espírito Santo (PTB), Joaquim Olinto de Jesus (PSP) e Sebastião Arantes (PSD). Anistiados O vice-presidente da Associação dos Anistiados Políticos do Estado de Goiás (Anigo), Marcantonio Dela Corte, falou em nome dos homenageados. Ele iniciou seu discurso, lembrando de manifestações estudantis ocorridas em 1966, em Goiânia. "Naquele embate, eu, militante do PCdoB, tive uma participação um tanto quanto explosiva enquanto jovem e, por isso, tive de me ausentar da Capital." "Aqui estamos, porém, 49 anos depois do golpe, tentando reparar injustiças praticadas por aqueles que não aceitaram o contraditório", completou Marcantonio, afirmando que todas as ditaduras também deixam um legado destrutivo às gerações posteriores. "Estamos não somente homenageando goianos injustiçados pelo regime militar mas, acima de tudo, refletindo sobre nós mesmos, para que respeitemos os princípios democráticos. Este é um dia que nos traz tristes e lamentáveis recordações: dor, sofrimento, sequestros e exílios. Enfim, o 1º de abril é a data mais lamentável da história deste País", disse, emocionado. O representante da Anigo pediu maior agilidade na apuração de casos de desaparecimentos ocorridos durante o período, que ainda aguardam uma solução, e mencionou, dentre outros, o nome do deputado José Porfírio. "Onde estão os seus restos mortais?, questionou. Ele finalizou seu discurso, acenando com a mensagem otimista de que acredita na evolução do pensamento humano em direção à abertura de espaço ao entendimento e ao diálogo democrático."Que prevaleça sempre a democracia, a liberdade, a justiça, a solidariedade e a igualdade", encerrou. Recordações Falando em nome dos homenageados, o ex-deputado e ex-presidente da Casa, Eurico Barbosa dos Santos, disse ter sido pego de surpresa pela homenagem. Nessa noite, não consigo deixar de me sentir nostálgico, tanto pelo reencontro com diversos companheiros de luta e colegas de legislatura, mas também pela recordação de que hoje, 1º de abril, fazem 49 anos que eu discursei dessa mesma tribuna, contra a implantação do regime militar no Brasil, que na minha opinião significava a retirada e a destruição do sentido de democracia no País, colocando a chamada linha dura no poder, lembrou Eurico Barbosa. O ex-presidente relembrou também do aumento da violência contra os governadores da época, que foram afastados do seu cargo, como o próprio governador de Goiás da época, Mauro Borges. Defendi com Mauro Borges seu mandato e a democracia de sua eleição. Ele foi um Governador íntegro, idealista e progressista, sendo o primeiro a implantar no Estado, um plano de governo que fez com que Goiás tivesse infraestrutura para crescer e ser o que é hoje. Eurico Barbosa finalizou dizendo que essa restituição simbólica dos mandatos cassados é um resgate histórico de muito valor e que é preciso valorizar a reconquista da democracia brasileira. Essa iniciativa fala profundamente nos nossos corações. Agradeço ao deputado Karlos Cabral pela iniciativa que demonstra uma enorme grandeza democrática e é de valor histórico irrefutável, concluiu. Encerrando a série de discursos, o camponês Arão de Sousa falou em nome de seu irmão, o deputado José Porfírio, preso durante o Regime Militar. Ele deixou um questionamento às autoridades, pedindo maiores investigações sobre o desaparecimento do político. O caso não foi solucionado até hoje. Ao final da solenidade, o presidente Cláudio Meirelles (PR) marcou sessão ordinária para esta terça-feira, 2, em horário regimental.

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